segunda-feira, 19 de abril de 2010

Lembremos o genocídio em Ruanda


Em Abril de 1994, a morte do presidente Juvenal Habyarimana, num atentado em avião, e o avanço da Frente Patriótica Ruandesa produziu uma série de massacres no país contra os tutsis, e causou um deslocamento maciço de pessoas para campos de refugiados situados na fronteira com os países vizinhos, em especial o Zaire (hoje República Democrática do Congo). Em Agosto de 1995, tropas do Zaire tentaram expulsar esses refugiados para Ruanda. Quatorze mil pessoas foram então devolvidas a Ruanda, enquanto outras 150.000 refugiaram-se nas montanhas.
Mais de 500.000 pessoas foram assassinadas e quase cada uma das mulheres que sobreviveram ao genocídio foram violentadas. Muitos dos 5.000 meninos nascidos dessas violações foram assassinados.
A atrocidade desconheceu até mesmo casta religiosa. Durante a violência étnica, muitos clérigos de várias denominações se posicionaram a favor de sua etnia. Padres, freiras, pastores e bispos tomaram o seu partido em ambos os lados. Pelo menos 300 clérigos e freiras foram mortos por serem Tutsi, ou porque estavam ajudando os Tutsi. Outros da etnia Hutu, apoiaram ou até mesmo participaram ativamente, colaborando com os matadores.
Um dos casos se tornou muito conhecido. Foi o que envolveu um médico missionário e seu pai, um pastor protestante.
O Tribunal criminal internacional, teve voto unanime contra o Dr. Gerard Ntakirutimana, 45, médico missionário que exercia a medicina no hospital pertencente a Igreja Adventista do Sétimo Dia de Mungonero, foi condenado por genocídio e por crimes contra a humanidade e sentenciado a 25 anos de prisão pela morte de duas pessoas e por atirar em refugiados Tutsis em vários locais. Ele foi condenado por fazer parte de ataques contra Tutsis na Colina de Murambi e Colina de Muyira em várias datas.
O Pr. Elizaphan Ntakirutimana, 78, pai do Dr. Gerard Ntakirutimana e pastor presidente da associação da Igreja Adventista do Sétimo Dia em Mugonero, no oeste de Rwanda foi condenado a 10 anos de prisão por crimes menores. O Pr. Elizaphan levou os atacantes para Igreja Adventista de Murambi em Bisesero onde era pastor presidente e ordenou a remoção do telhado do edifício, a fim de localizar os tutsis que lá estavam abrigados. O ato conduziu às mortes de muitos dos que estavam no local. Ele também levou os atacantes a vários locais para localizar e matar tutsis.
De acordo com a BBC, centenas de tutsis dentre membros e pastores, que procuraram refúgio na igreja e no hospital Adventista, enviaram uma carta ao Pr. Elizaphan Ntakirutimana pedindo socorro. A carta, segundo a BBC incluia a frase: "Nós desejamos informar-lhe que amanhã seremos mortos juntamente com nossas famílias". A resposta do Pr. Elizaphan Ntakirutimana foi que eles deviam se preparar para morrer. As Milícias de Hutu, segundo as testemunhas chegaram pouco tempo depois com ambos os Ntakirutimanas. Só alguns Tutsis sobreviveram a agressão. Os Ntakirutimanas disseram no tribunal que eles tinham deixado a área antes das matanças.
O Pr. Elizaphan Ntakirutimana fugiu para os Estados Unidos depois das matanças, mas foi extraditado para a Tanzânia.
Outro adventista foi o responsável pela salvação de 1.268 tutsis e hutus, abrigando-os no Hotel Mille Collines em Kigali. Paul Rusesabagina ficou mundialmente conhecido ao ser retratado no filme Hotel Ruanda. Paul Rusesabagina, residente na Bélgica, afirma que se não forem tomadas posturas duras contra o Tribalismo em Ruanda o genocídio poderá voltar a ocorrer novamente, pelas mãos dos tutsis, "governantes" do país desde o fim da matança. O humanitário é conhecido como o Oskar Schindler de Ruanda, feita a comparação com o membro do regime nazista que salvou milhares de judeus durante o Holocausto.
O ICTR já realizou nove julgamentos, com dez condenações e uma absolvição. Oito casos envolvendo vinte suspeitos. A expectativa era de que mais seis casos devessem ser concluídos no ano de 2003.
Estima-se que foram mortos cerca de um milhão de pessoas, a grande maior parte da minoria étnica Tutsi, em atos de violência praticados pela maioria Hutu que estava governando o pais.

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