segunda-feira, 19 de abril de 2010

Soeiro Pereira Gomes


Joaquim Soeiro Pereira Gomes (Gestaçô, 14 de Abril de 1909 - Lisboa, 5 de Dezembro de 1949) foi um dos grandes nomes do neo-realismo literário em Portugal.



Militante comunista, desenvolveu uma sensibilidade social muito grande, que se reflectiu no seu trabalho, onde está sempre presente a denúncia das desigualdades e das injustiças.
A sede nacional do Partido Comunista Português, em Lisboa, tem o seu nome (Edifício Soeiro Pereira Gomes), assim como a rua onde se situa.


Vida

Soeiro nasceu em Gestaçô, concelho de Baião, distrito do Porto.
Viveu em Espinho, dos 6 aos 10 anos de idade, onde recebeu a instrução primária e onde passou o Verão nos primeiros anos da sua vida
Sendo filho de agricultores decidiu estudar na Escola de Regentes Agrícolas de Coimbra, onde tirou o curso de Regente Agrícola, e, quando finalizou os estudos, viajou para Angola onde trabalhou por mais de um ano.
Quando regressou a Portugal, foi habitar em Alhandra, onde vivia o seu sogro, como empregado administrativo na fábrica de cimentos local, onde começou a desenvolver um trabalho de dinamização cultural entre o operariado.
Mas foi o seu trabalho como escritor que o tornou conhecido, sendo considerado um nome grande do realismo socialista em Portugal. Com apenas 20 anos, em 1939, começou a publicar escritos seus no jornal «O Diabo», à época uma publicação progressista que constrastava no panorama cinzento das publicações censuradas pelo fascismo.
Entre os seus trabalhos conta-se a obra Esteiros, publicada em 1941, considerada a sua obra-prima, ilustrada, na sua primeira edição, por Álvaro Cunhal, secretário-geral do PCP, e dedicada «aos filhos dos homens que nunca foram meninos». É uma obra de profunda denúncia da injustiça e da miséria social, que conta a história de um grupo de crianças que desde cedo abandona a escola para trabalhar numa fábrica de tijolos.
Devido à condição de militante comunista, Soeiro passa à clandestinidade em 1945 para evitar a repressão do regime de Salazar e continua a desenvolver o seu trabalho militante. Grande fumador acaba por ser vitima de cancro pulmonar (e não de tuberculose), agravado pelas dificuldades da vida clandestina. Impedido, pela clandestinidade, de receber o tratamento médico que necessitava faleceu a 5 de Dezembro de 1949.
Encontra-se sepultado em Espinho, terra que o acolheu durante a infância. Da sua sepultura consta o seguinte epitáfio "A TUA LUTA FOI DÁDIVA TOTAL"



Obras



Obras literárias

Esteiros (publicado em 1941)

Engrenagem (publicado em 1951)

Contos Vermelhos

Refúgio perdido (escrito em 1948)

O pio dos mochos (escrito em 1945)

Mais um herói (escrito em 1949)

Contos e crónicas

O capataz (escrito em 1935)

As crianças da minha rua (publicado, sem título, em 1939)

O meu vizinho do lado (publicado, sem título, em 1939)

Pesadelo (escrito em 1940)

Companheiros de um dia (publicado, sem título, em 1940)

O Pástiure (publicado em 1940)

Um conto (publicado em 1942)

Alguém (publicado em 1942)

Breve história de um sábio (escrito em 1943)

Estrada do meu destino (sem data)

Um caso sem importância (publicado em 1950)

Última carta (sem data)

 Documentos políticos

Praça de Jorna (escrito em 1946)

DIAS, Augusto da Costa. Literatura e luta de classes: Soeiro Pereira Gomes. Lisboa, Editorial Estampa, 1975

PINA, Álvaro. Soeiro Pereira Gomes e o futuro do realismo. Lisboa, Editorial Caminho, 1977.

REIS, Manuela Câncio Reis. Eles vieram de madrugada. Lisboa, Editorial Caminho, 1981

REIS, Manuela Câncio Reis. A passagem: uma biografia de Soeiro Pereira Gomes. Lisboa, Editorial Caminho, 2007.

RICCIARDI, Giovani. Soeiro Pereira Gomes: uma biografia literária. Lisboa, Editorial Caminho, 2000.

SANTOS, Luísa Duarte; ROSINHA, Maria da Luz. Soeiro Pereira Gomes: na esteira da liberdade. Vila Franca de Xira, Câmara Municipal, Museu do Neo-Realismo, 2009.

Nota

Ainda existe a casa em que morou, no entanto esta passa totalmente despercebida pelo facto de nada a assinalar.

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